sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

EMARANHADO DE MIM.

Eu praticamente nunca falei de mim nesse blog. Pelo menos não diretamente.
É costume meu muitas vezes tentar me perder de mim mesma. O mundo é gigantesco em meio a suas paredes de tinta antiga descascada por onde crescem plantas rasteiras, e de lugares onde eu nunca vou pisar, ou sequer imaginar que existem.

A minha vida em meio a tudo que compõe o mundo é tão... mínima.
Stella e Nahema tiveram vidas interessantes em meio a suas tragédias pessoais, mas ainda não estou pronta para contar a história delas do jeito que deve ser contada.

Hoje, no entanto,é um dia incomum, porque eu estou mais submersa em mim do que nelas.

Eu sou uma pessoa que sente uma extrema e intensa ânsia aguda por cigarros todos os dias. Tenho certeza de que se estivesse fumando agora minhas palavras seriam muito mais delicadas e potentes , mas voltar a fumar nos dias de hoje é impensável. As vezes eu me contento com o cheiro, eu amo quando fumam perto de mim.... geralmente quando vejo que alguém que conheço vai fumar eu peço para que sopre a fumaça perto de mim, isso me alivia, mas obviamente eu nunca fico satisfeita.

Eu também gosto de livros, em especial os da tia arroz. Precisaria de um post exclusivo para explicar até onde os livros da Anne me levam, agora só posso dizer que é para muito longe. Também tenho um apreço especial por biografias de mulheres orientais. Elas me levam para vidas passadas, porque eu sei que já fui uma mulher árabe em outra vida, e foi nessa vida que conheci minhas duas avós.... mas isso também é assunto para outro post.

Por fim... eu gosto de pele. De sentir a pele dos utros na minha pele. E gosto de cheiro de cabelo. Na mesma linha gosto do toque do pelo dos animais, e dos barulhos que eles fazem, gosto em especial de gatos. Eles são ariscos, rebeldes, independentes e na maioria das vezes não querem nada com você, mas o que me encanta neles é que você pode ter certeza, que quando esse bicho demonstra alguma empaita para você... pode ter certeza absoluta por tudo que existe no mundo de que ela é profundamente verdadeira.

Por mais que eu queira eu nunca consegui explicar de verdade qualquer sentimento meu. Só eu sei o que se passa comigo e, toda vez que tento explicar um sentimento meu para qualquer pessoa o que eu consigo passar é apenas uma versão editada e maquiada do que eu queria ter dito. Essa sou eu.

Eu sou uma pessoa que já aprendeu a apreciar, mas nunca aprendeu a conviver com a solidão. Pelo menos permanecendo inteira. Acho que está na alma. Eu sinto falta, de uma irmã gêmea, de um fantasma que me assombrou ou de uma amante que me perseguiu, talvez na minha vida mais antiga e acredito que, devo ter passado pelo menos metade dessa mesma vida, chorando a perda desse ser.

Augusto dos Anjos, por exemplo, abraçou o medo a solidão e a tristeza como cúmplices que reconfortavam a lógica de uma vida onde não se alcança felicidade,pois está não estava no espírito dele. E por se aliar assim aos monstros que o assombravam, encontrou a razão de ser do seu mundo. Ler Auguso dos Anjos é perigoso para os desesperançosos, mas apesar disso, penso que se trata de uma leitura indispensável para qualquer pessoa do mundo. Eu admiro e amo o que conheço da alma desse homem, e vou dizer porque:
Porque para seguir pelo caminho que ele seguiu é necessária tanta coraem quanto a de procurar a felicidade. É necessário profundo equilíbrio e claridade de espírito para abraçar o sentimento do qual o ser humano em geral tem mais medo: a tristeza. E para aceitar e mergulhar na condição que o ser humano mais evita: A solidão!
Mas, sem dúvida, o que mais me encanta nesse homem, é a capacidade que ele teve de escrever... e como são belos, esplêndidos, e perfeitos os seus poemas. Para mim, são mensagens muito a frente de qualquer tempo. Sei alguns trechos de cor:

Hino a Dor:

(...) Dor, sol do cerébro,Ouro,
De que as próprias tristezas se engalanam (...)

(...) Sou teu amante, ardo em teu corpo abstrato, com os corpúsculos mágicos do tato,
Prendo a orquestra de chamas que executas,
E assim, sem convulsão que me alvorece,
Minha maior ventura é estar de posse,
Das tuas claridades absolutas!

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Arrepio!
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Mas é importante lembrar também, que existe quem vive na linha oposta á do meu poeta favorito. E essa se trata da mulher que eu considero hoje como a mais extraordinária do mundo inteiro. AYAAN HIRSI ALI. Acho até dispensável falar quem ela é. Mas seu espirito de luta me faz pensar nela como uma sucessão de renencarnações das maiores guerreiras do mundo. Gurreiras da época antiga das sociedades matriarcais, guerreiras da era do bronze, guerreiras pré-históricas, gladiadoras, canibais!
Estou falando nela pois, além de ter vivido para encontrar a felicidade, a satisfaçao pessoal e os direitos humanos ela arrisca a própria pele para melhorar a vida de outras mulheres. Eu me identifico com ela, muito mais do que com o ilustre Augusto, mas no fundo, muitas vezes eu desejo a capacidade de Dos Anjos para completar a vida com os buracos da tristeza e da solidão.

Digo isso porque hoje é um dia em que eu estou muito triste. Mas não quero comentar agora. Quero falar de outra coisa.

Sabe quando agente pensa em um desejo fantástico, assim como se fosse uma criança de cinco anos, e aproveita o prazer secreto de vivê-lo dentro da imaginação? Então, eu secretamente sonho com uma máquina do tempo!

Se eu tivesse uma máquina do tempo eu passaria várias noites parranderas com Cavela Vargas e José Alfredo. Tomando tequila enquanto as letras das apaixonadas e sofridas canções rancheiras escorrem dos lábios que aspiram fumaça e liberam vozes graves e carregadas de energia hipnotizante. Com certeza eu conversaria muito com a Dona Chavela, e inclusive explicaria para a cabeça dura dela que ela na vida encontrou sim um grande amor, mas que nem todo grande amor dura o suficiente para ser caracterizado como relacionamento, mas que nem por isso ele deixa de significar o mundo.
E é claro, não deixaria esses encontros passarem sem que Chavela Vargas me ensinasse a atirar e a montar a cavalo, pois, pelo que eu sei, ela era realmente boa nisso!

Sem dúvida, eu também teria pousado para uma das telas de Frida Kahlo, teria sido dama de compania de Cléopatra por um dia e teria ido ao misterioso enterro de Nefertiti... sério... onde foi parar a múmia dela? Também adoraria fazer uma aparição surpresa nos aposentos privados de cada membro da família real dos Al Saud na arabia saudita e cortar a cabeça de cada um daqueles despotas miséraveis e idiotas. E se brincasse de deus faria todo aquele petroléo desaparecer da face da terra.

Eu queria de verdade também ter conhecido Aileen Wuornos. As vezes penso que queria tê-la conhecido no colegial e a levado para minha casa, ou apenas ter tido com ela um encontro que fizesse diferença no seu destino cruel... mas outras vezes penso que ela precisava fazer o que fez para o mundo. Ela foi uma verdadeira mártir, e sempre vou pensar que foi injustiçada por uma sociedade sexista machista cruel e podre.

Por fim eu gostaria de um encontro com Anne Rice, só p falar com ela, sem saber se ia fazer diferença ou não, que as coisas ruins que aconteceram na vida dela não se passarm por culpa de suas obras. E que o Lestat, o Louis, os Taltos, oS Mayfair, A Trianna e Principalmente a Akasha, mereciam ter sobrevivido.

E em anexo, eu queria uma coisa até bem simples, queria voltar na manhã de domingo em que eu abri a janela para o meu xuxu pular para o jardim. Foi nesse dia que ele foi atropelado. E por causa disso ele tá mal até hoje. Então eu queria não ter aberto aquela janela e ter abraçado ele forte e voltado a dormir com ele...

Mas como máquinas do tempo não existem... na prática eu vivo a minha realidade morna.
E o que eu ambiciono dentro do mundo real?
Hum... eu quero estudar, quero estudar muito, e quero escrever um bom romance um dia, mesmo que seja só para mim. Quero ter a oportunidade de ajudar as mulheres que sofrem, principalmente de outros países, onde não existem direitos humanos. Quero aprender a pintar bonito.... e quero viajar... o mundo todo, cada pedacinho, e provar as acomidas mais exoticas e visitar os vilarejos mais remotos, e ver um dragão de komodo de perto.
Mas acho que é muito né? Talvez eu faça metade dessas coisas na minha vida, ou menos.
Ha... é tão chato analisar as coisas dentro do mundo real.

Mas vamos ver o que eu não queria:

Eu não queria envelhecer sozinha. E eu não quaria ver aqueles que eu amo afundando na vida. Eu não queria nunca ouvir vozes que não são reais, e se existe outra vida eu nunca queria nascer homem. E eu não queria ter a lua em peixes!
Acho que assim está razoável.

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Então... to enrolando e enrolando nesse emaranahdo de nada infantil, mas a verdade é que como já disse hoje eu estou muito triste. Eu tenho uma árdua tarefa pela frente e sei que estou sozinha com ela, pois é assim que tem que ser. Se trata de mim, mas dá medo.Principalmente sabendo que se eu não conseguir eu vou perder mais ainda o carinho dos que me cercam...

Eu me sinto triste por uma pessoa em especial na minha vida, aliás, por duas, mas hoje só vou falar de uma. Porque eu sei que por mais que eu me esforçe eu nunca vou ser do jeito que ela quer, ou do jeito que ela me aceitaria.
E eu me engano constantemente enxergando o carinho dela onde existe obrigação e culpa. Eu me engano achando que as coisas ficarão bem do jeito que são, quando isso não vai acontecer. Me engano achando que faço parte de uma coisa que não faço.
E hoje eu percebo que sempre foi e sempre vai ser assim.... as vezes uma ou outra impressão mudam porque vamos ficando mais maduros, mas o núcleo do sentimento é o mesmo.
E quando eu paro para pensar nisso eu fico triste como agora, e sempre vou ficar.

Tudo que eu posso fazer agora e me esforçar para ser bem aventurada nesse novo desafio. E para que nunca falte luz, e para que nunca falte coragem.
E para que aqueles que eu amo (não meus idolos), para que aqueles que eu amo continuem aqui, e o provir lhes floreça por milhões e milhões de anos!
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