domingo, 22 de março de 2009

ÓDIO.

Ás vezes se descobre o que se odeia. E se chega a conclusão que seria melhor não haver descoberto.
Mas o ódio é involuntário assim como o amor.
Portanto sigo odiando.

... Se eu morresse agora eu não me importaria.
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sexta-feira, 20 de março de 2009

OVERDOSE DE AUGUSTO.

Augusto dos Anjos mata.
Augusto dos Anjos tem um poder.... que eu não conheço em absolutamente nenhum escritor.
Auguso dos Anjos grita, o que nós temos medo até de pensar.

Vandalismo é o be-á-bá.... Assim como, Versos íntimos, Canto íntimo, Psicologia de um Vencido, Hino à Dor, a Obscessão do Sangue... Sei todos de cor. Recito a qualquer momento.
Inclusive tenho minhas frases favoritas desses poemas, que me acompanham nos ares de ceros dias. Dias como esse.

VANDALISMO.

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais

Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos.

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!


Posto hoje Vandalismo, por ser o mais delicado e fatalmente doloroso, apesar de leve como a asa de uma libélula.

Posto em seguida o lado do Augusto que faz meu sangue mudar de consistencia quando eu leio. Não sei explicar como é, e aliás, hoje eu nem quero tentar. Hoje eu só quero fazer existirem esses poemas.

Se você gostou de Vandalismo, Leia Gemidos de Arte, se não gostou, leia do mesmo jeito. Do Augusto nada se perde.

GEMIDOS DE ARTE

I
Esta desilusão que me acabrunha

E mais traidora do que o foi Pilatos!
...Por causa disto, eu vivo pelos matos,
Magro, roendo a substância córnea da unha.

Tenho estremecimentos indecisos
E sinto, haurindo o tépido ar sereno,
O mesmo assombro que sentiu Parfeno
Quando arrancou os olhos de Dionisos!

Em giro e em redemoinho em mim caminham
Ríspidas mágoas estranguladoras,
Tais quais, nos fortes fulcros, as tesourasBrônzeas,
também giram e redemoinham.

Os pães - filhos legítimos dos trigos -
Nutrem a geração do Ódio e da Guerra.
Os cachorros anônimos da terra
São talvez os meus únicos amigos!

Ah! Por que desgraçada contingência
À híspida aresta sáxea áspera e abrupta
Da rocha brava, numa ininterrupta
Adesão, não aprendi minha existência?!

Por que Jeová, maior do que Laplace,
Não fez cair o túmulo de Plínio
Por sobre todo o meu raciocínio
Para que eu nunca mais raciocinasse?!

Pois minha Mãe tão cheia assim daqueles
Carinhos, com que guarda meus sapatos,
Por que me deu consciência dos meus atos
Para eu me arrepender de todos eles?!

Quisera antes, mordendo glabros talos,
Nabucodonosor ser do Pau d'Arco,
Beber a acre e estagnada água do charco,
Dormir na manjedoura com os cavalos!

Mas a carne é que é humana! A alma é divina.
Dorme num leito de feridas, goza
O lodo, apalpa a úlcera cancerosa,
Beija a peçonha, e não se contamina!

Ser homem! escapar de ser aborto!
Sair de um ventre inchado que se anoja,
Comprar vestidos pretos numa loja
E andar de luto pelo pai que é morto!

E por trezentos e sessenta diasTrabalhar e comer!
Martírios juntos!
Alimentar-se dos irmãos defuntos,
Chupar os ossos das alimarias!

Barulho de mandíbulas e abdômens!
E vem-me com um desprezo por tudo isto
Uma vontade absurda de ser Cristo
Para sacrificar-me pelos homens!

Soberano desejo!
SoberanaAmbição de construir para o homem uma
Região, onde não cuspa língua alguma
O óleo rançoso da saliva humana!

Uma região sem nódoas e sem lixos,
Subtraída á hediondez de ínfimo casco,
Onde a forca feroz coma o carrasco
E o olho do estuprador se encha de bichos!

Outras constelações e outros espaços
Em que, no agudo grau da última crise,
O braço do ladrão se paralise
E a mão da meretriz caia aos pedaços!

II

O sol agora é de um fulgor compacto,
E eu vou andando, cheio de chamusco,
Com a flexibilidade de um molusco,
Úmido, pegajoso e untuoso ao tacto!

Reunam-se em rebelião ardente e acesa
Todas as minhas forças emotivas
E armem ciladas como cobras vivas
Para despedaçar minha tristeza!

O sol de cima espiando a flora moça
Arda, fustigue, queime, corte, morda!
...Deleito a vista na verdura gorda
Que nas hastes delgadas se balouça

Avisto o vulto das sombrias granjas
Perdidas no alto... Nos terrenos baixos,
Das laranjeiras eu admiro os cachos
E a ampla circunferência das laranjas.

Ladra furiosa a tribo dos podengos.
Olhando para as pútridas charnecas
Grita o exército avulso das marrecas
Na úmida copa dos bambus verdoengos.

Um pássaro alvo artífice da teia
De um ninho, salta, no árdego trabalho,
De árvore em árvore e de galho em galho,
Com a rapidez duma semicolcheia.

Em grandes semicírculos aduncos,
Entrançados, pelo ar, largando pêlos,
Voam á semelhança de cabelos
Os chicotes finíssimos dos juncos.

Os ventos vagabundos batem, bolem
Nas árvores. O ar cheira. A terra cheira...
E a alma dos vegetais rebenta inteira
De todos os corpúsculos do pólen.

A câmara nupcial de cada ovário
Se abre. No chão coleja a lagartixa.
Por toda a parte a seiva bruta esguicha
Num extravasamento involuntário.

Eu, depois de morrer, depois de tanta
Tristeza, quero, em vez do nome - Augusto,
Possuir aí o nome dum arbusto
Qualquer ou de qualquer obscura planta!

III

Pelo acidentadíssimo caminho
Faísca o sol. Nédios, batendo a cauda,
Urram os Dois. O céu lembra uma lauda
Do mais incorruptível pergaminho.

Uma atmosfera má de incômoda hulha
Abafa o ambiente. O aziago ar morto, a morte Fede.
O ardente calor da areia forte
Racha-me os pés como se fosse agulha.

Não sei que subterrânea e atra voz rouca,
Por saibros e por cem côncavos vales,
Como pela avenida das Mappales,
Me arrasta á casa do finado Toca!

Todas as tardes a esta casa venho.
Aqui, outrora, sem conchego nobre,
Viveu, sentiu e amou este homem pobre
Que carregava canas para o engenho!

Nos outros tempos e nas outras eras,
Quantas flores!
Agora, em vez de flores,Os musgos, como exóticos pintores,
Pintam caretas verdes nas taperas.

Na bruta dispersão de vítreos cacos,
À dura luz do sol resplandecente,
Trôpega e antiga, uma parede doente
Mostra a cara medonha dos buracos

O cupim negro broca o âmago finoDo teto.
E traça trombas de elefantes
Com as circunvoluções extravagantes
Do seu complicadíssimo intestino.

O lodo obscuro trepa-se nas portas.
Amontoadas em grossos feixes rijos,
As lagartixas, dos esconderijos,
Estão olhando aquelas coisas mortas!

Fico a pensar no Espírito disperso
Que, unindo a pedra ao gneiss e a árvore à criança,
Como um anel enorme de aliança,
Une todas as coisas do Universo!

E assim pensando,com a cabeça em brasas
Ante a fatalidade que me oprime,
Julgo ver este Espírito sublime,
Chamando-me do sol com as suas asas!

Gosto do sol ignívomo e iracundo
Como o réptil gosta quando se molha
E na atra escuridão dos ares, olha
Melancolicamente para o mundo!

Essa alegria imaterializada,
Que por vezes me absorve, é o óbolo obscuro,
É o pedaço já podre de pão duro
Que o miserável recebeu na estrada!

Não são os cinco mil milhões de francos
Que a Memanha pediu a Jules Favre...
É o dinheiro coberto de azinhavre
Que o escravo ganha, trabalhando aos brancos!

Seja este sol meu último consolo;
E o espírito infeliz que em mim se encarna
Se alegre ao sol, como quem raspa a sama,
Só, com a misericórdia de um tijolo!...

Tudo enfim a mesma órbita percorre
E as bocas vão beber o mesmo leite...
A lamparina quando falta o azeite
Morre, da mesma forma que o homem morre.

Súbito, arrebentando a horrenda calma,
Grito, e se grito é para que meu grito
Seja a revelação deste Infinito
Que eu trago encarcerado na minh'alma!

Sol brasileiro! queima-me os destroços!
Quero assistir, aqui, sem pai que me ame,
De pé, à luz da consciência infame
À carbonização dos próprios ossos!
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sábado, 14 de março de 2009

Essa eu tinha que postar.

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Dicionário Isabella:

Pinto: MOCHIBA.
Feio, azedo, fedorento, passa o dia inteiro fechado depois sobe aquela aquela murrinha!

Pinto (2): Murrinha pura!

Informal: QUE NOJOOOOOOOOOOO!


HAHAHAHAHAHAHAHAHA

Adorooooo vc!

=p

PS - Um pouquinho de humor p descontrair o usual drama do blog!

Dispenso comentários!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Tristessa

... Ela percorreu muitos quilômetros do centro da cidade até a alameda dos casarões.
Cada passo um sol,
Cada respiração, um clarão que a queimava até os ossos.
Queimava também, como pontadas de alfinetes congelados o medo de não chegar a tempo.

Pela manhã ela havia calçado seus sapatos de festa.
Azuis com saltos mínimos e pequenos brilhos cintilantes.
Passou o batom de Perpétua, vermelho escuro como sangue de gente.E firmou os cabelos ondulados em um rabo de cavalo no topo da cabeça.

Ela passou pela longa escada de degraus altos que substituía o passeio na rua das flores.
Cada pulo esfarelava seu cabelo louro como poeira.
Passou pelas vielas estreitas da rua mofada,
Sentiu cheiro de manga queimada no chão abandonado dos quintais das casas vazias condenadas.
Ouviu o canto estridente do violão de sete cordas que soava da casa de Matilde.A única corrente de energia que permitia que aquele lugar respirasse.

Quando entrou na alameda dos casarões o ar era doloroso como os machucados que sangravam nos seus pés.
Ela lembrava do laranja-fogo, quase florescente das mangas no chão, como se fosse a cor da sua própria alma.
Embora tivesse fome, ela não se importaria se nunca mais comesse nada na vida, contando que chegasse a tempo no casarão número nove.

Em frente o portão ela foi endurecendo suavemente.
Petrificava-se como se a casa tivesse uma parte dos poderes da górgone medusa e a encarasse.
Não tinha ninguém. A casa parecia vazia.
Ela então, ficou meio escondida atrás dos arbustos olhando para cima, onde tudo que podia observar eram as torres octogonais que se erguiam para o céu.
Elas a fizeram lembrar da História da Ilha das agulhas negras, um conto árabe que Matilde lhe contara certa vez, e que a impressionara muito.

O sol abaixava no horizonte e cobria todas as coisas com um véu escuro,
Mais ou menos a representação daquela tristeza que te envolve de repente,
E quando você percebe está completamente dominado, se perguntado de onde ela veio.
Mas o que ela se perguntava, na verdade, era porque não tinha dúvidas de que deveria estar ali.

Sentada no passeio, ela tinha um buraco na garganta maior do que ela própria.
A dor nos pés parecia agradável mediante ao mundo que se esvaía na sua traquéia....

Então foi quando aconteceu.
Um caro negro parou na porta do casarão.
Primeiro veio aquele homem, alto e louro cercado por um séqüito de empregadas com malas.
Depois veio a mulher negra e a menina bonita.Essas pessoas, porém, não passaram de borrões para Stella.
Por último veio a menina alta. Ela era magra, reta e alta como uma tábua.
Sua visão clareou.


Nahema tinha nove anos, assim como Stella.
Era a menina dos olhos de neve.
Tinha algo extremamente antigo emoldurado no rosto.Algo, como que mumificado, do tempo do caos primordial até a nossa atualidade cinza.
Uma lembrança arcaica nebulosa, empoeirada, quase bruta, da qual Stella sentia uma saudade tão infinita que doía cronicamente nas vísceras.
Seu coração batia como coração de rato.
Sua mente oscilava em nuances desordenadas, mas sua boca emudeceu.
Ela ainda era de pedra. Ela não foi vista.

Por isso quando o carro partiu, ela estava de pé, parada entre os arbustos.
Chorava sem saber por que, suas vísceras pareciam se liquidificar dentro dela.
Ela só havia visto aquela menina uma vez e agora era o fim do mundo vê-la ir embora.

Stella faria qualquer coisa para ter ido também.
Ela pensou em se converter em um animal, um fantasma, uma sombra.
Mas o mais doloroso é que ela continuaria sendo Stella.
E ela nunca mais olharia, por mais de um segundo, as roseiras do seu jardim.
E ela nunca mais olharia pela janela quando chovesse.
Nunca mais pararia de pensar em tempestades de neve.

Lembrar-se de algo sem saber o que é,
Enquanto via quem amava, sem saber porque, ir embora,
Era confuso, mas doloroso a ponto dela não se importar em ser atacada por um enxame de abelhas venenosas naquele exato momento; talvez até de desejar o ataque.

...

... E mais tarde, muitos anos depois, ela não sabia que diria para Nahema:

“Eu sempre soube, que passei minha vida inteira procurando por você”.

E que Nahema, infeliz como havia estado por quase toda a sua vida, responderia:

“Sinto muito, mas eu tenho que ir”.

...

Eu não acredito que ninguém seja inteiro por si só.
Que ninguém seja completo por si só.
Eu acredito, por outro lado, que é possível, viver incompleto, se acostumar a isso.
Mas a plenitude...
Vem de uma fonte completamente humana.
Vem de unificação.
Mas vai saber em quantas vidas, e em que tempo e em quantas partes, perdemos nossos pedaços;
Vai saber, em quantas pares, ou em quantas vidas, os reencontraremos.E sabe-se muito menos, se eles ao menos se lembrarão de nós.

...Só podemos, inclusive acreditar que eles existem,
Quando sentimos a falta que eles fazem....


segunda-feira, 9 de março de 2009

Jardim Escuro

Quando ele chegou ele era só uma bolinha de pelo que cabia na palma da minha mão.
E eu ficava imaginando, por onde aquele pinginho de vida teria andado até chegar no meu portão.
Tinha uma cabecinha pequenininha onde só se via olho.

E isso é o que eu acho de mais perfeito nos animais. Mais perfeito do que na comunicação humana.
Com eles a gente fala com o olho.
E ele tinha aquele olhão aberto pronto para amar incondicionalmente.

Eu me apego porque persisto no erro, e nunca aprendo o quando dói.
Eu me propuz desde aquele instante a fazer da vida dele agradavél.
Eu nunca imaginei que pudesse dar errado.
E eu falhei em todo os nivéis.

Eu deixei que as coisas ruins acontecessem.
E agora fico me perguntando o que é certo.
Me perguntando se ele sente dor,
Se ele fica com fome o tempo todo,
Qual será o nivél do desconforto.

Nada que eu fizer poderá redimir o meu descuido.
Eisto não importaria se algo pudesse curá-lo.
E eu fico pensando se eu estou sendo extremamente injusta,
Se eu deveria deixar ir.

É incrivél a capacidade que podemos ter de nos apegar há um ser "não-humano",
E, ao contrário do que se supõe como correto, gostar mais dele do que de muitas pessoas que se conhece.
E se importar mais do que os outros acham que você deveria.

Mas o que mais dói e olhar para ele e saber que poderia ser diferente.
Que ele poderia estar bem.
Saudavél.
Se eu tivesse prestado atenção.

Eu olho aquele olhão verde,
E vejo a fadiga,
Aquela ponta de dor,
Que não deveria existir em um pedaço de vida tão inocente.

A vida é estranha, as vezes mesquinha, as vezes cruel.
A situação que causa enorme dor em alguns, pode ser nada na pele do outro.
Em um momento pode se estar no último dos jardins ensolarados esquecidos dentro da floresta tropical,
No outro, no escuro.

Por muito tempo eu evitei esse post.
Pode parecer ridículo. Dramático. Exagerado.
Mas agora é oficial.
Eu lamento tanto.
Tanto.
Tanto.
Tanto.
Tanto.

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E não sinto vergonha de dizer que peço perdão...
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Honrada Seja



Menina de 9 anos estuprada por padrasto faz aborto

"De O Globo:
A menina de 9 anos abusada pelo padrasto em Alagoinha, em Pernambuco, e grávida de gêmeos, realizou aborto na manhã desta quarta-feira na Maternidade Cisam, vinculada à Universidade de Pernambuco, no Recife. Segundo o diretor médico Sérgio Cabral, responsável pelo procedimento, os dois fetos já foram expelidos.A equipe médica realizou ainda uma curetagem. Segundo Cabral, o aborto em caso de estupro é legal. O padrasto da criança, Jailson José da Silva, confessou o crime, e está preso na Delegacia de Pesqueira, no agreste pernambucano.- O risco maior seria ela de ela continuar essa gravidez. Uma criança de 9 anos não tem ainda seus órgãos formados. Se tudo correr bem, ela deve ter alta ainda esta semana - afirmou o médico.A Igreja Católica, que tentou impedir o aborto e ameaçou ir à Justiça, lamentou que o procedimento tenha sido realizado.- Nós, ministros da Igreja Católica, temos obrigação de proclamar as leis de Deus. Nesses casos, os fins não justificam os meios e a lei humana contraria a lei de Deus, que é contra a morte - disse o arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho “.


É incrível como a igreja tem memória e atitudes seletivas. Só não me faz rir devido aos meus sentimentos pela garota, que eu acho que, na minha condição de mulher (orgulhosa de quem eu sou e principalmente do meu gênero), não preciso nem de explicar.
Digo isso, porque é possível se encontrar mulheres que concordam que a garota não deveria ter abortado. Que acreditam que ela deveria segurar o fardo que foi violentamente obrigada a carregar, porque "deus assim quis", e porque “mulher serve para isso”, para suportar incondicionalmente as "crias" e servir ao homem, pois este é "um deus que tudo sabe e tudo pode". Tudo que eu tenho a dizer sobre essas mulheres é que infelizmente são almas compelidas por uma razão ou outra, a acreditar que não valem nada. Essas me entristecem profundamente. Mas não é sobre elas que eu estou aqui para escrever.

A igreja enfatiza o fato da menina ter "assassinado" duas crianças, diz que fere as leis de deus, mas pelo visto uma criança ser estuprada diversas vezes até engravidar, aos nove anos de idade, não fere lei divina nenhuma. Porque afinal, todo mundo sabe que no estatuto sagrado do deus católico está que escrito que as mulheres são máquinas de reprodução. Está escrito também, que os seres humanos, principalmente as mulheres, são instrumentos para carregar fardos e sentir dor.

Como eu tenho uma memória boa, indubitavelmente muito melhor que a dessa instituição "divina", eu me recordo de uma série de escândalos que aconteceram há alguns anos atrás, onde ficou comprovado que padres abusavam de MENINOS coroinhas, (salvo que essa é a mesma instituição que condena a orientação sexual HOMOSSEXUAL).
Logo, me sinto no direito que concluir que a Igreja católica faz apologia ao ABUSO SEXUAL, à PEDOFILIA, ao INFANTICÍDIO, ao ÓDIO, a PERVERSIDADE, e a TORTURA.

Posso entender porque a igreja, como instituição, se privilegia ao continuar vivendo uma visão teocentrista do mundo, pois depende dela para sobreviver (mesmo que, na minha opinião sua sobrevivência seja prejudicial para a humanidade). O que eu não entendo é porque as pessoas ainda são adeptas de algo que viola suas liberdades, e direito à humanidade, enquanto tantos seres humanos já foram atingidos pelas luzes do iluminismo, há centenas de anos atrás.

A "voz de deus" argumenta que médicos são assassinos por terem salvado a vida de uma menina de 9 anos. Que a mãe é assassina por ter livrado a filha de mais do que o risco de morrer em um parto que seu corpo não tem condições de suportar, além da acentuação de uma tristeza profunda que ela terá que carregar por toda a vida. Mas o que realmente me choca, é que em nenhum momento o fato de uma criança VIVA, portadora de IDENTIDADE, LEMBRANÇAS, com PELE, OSSOS e SANGUE correndo nas VEIAS, em nenhum momento os sentimentos dela foram evidenciados. Em nenhum momento a injustiça cometida contra ELA, entrou em pauta.

O que me deixa imensamente ENFURECIDA, é que a conduta dos profissionais que fizeram o aborto é avaliada com ferocidade pela igreja, mas nada foi dito sobre a atitude do PADRASTO, que é o verdadeiro CRIMINOSO, causador disso tudo, por parte da mesma.
Acredito que também deve estar escrito no "estatuto sagrado do deus católico" que tudo bem ser um estuprador de crianças, o terrível mesmo é que as crianças estupradas, tentem recuperar sua integridade e bem estar, realizando um aborto necessário.
A Igreja é tão absurda que eu não encontro mais as palavras para argumentar meu desprezo por ela. Nesse caso, deixo que as atitudes dela falem por si só:

" O arcebispo de Olinda e Recife excomungou a mãe da menina, os médicos e de todo o pessoal envolvido no aborto, evocando a primazia da lei divina sobre a humana. Segundo o arcebispo José Cardoso Sobrinho, “a lei de Deus está acima de qualquer lei humana. E se a lei humana é contra a lei de Deus, então não têm nenhum valor “. O caso está a dividir o Brasil. O Vaticano apóia a decisão do arcebispo do Recife, que não inclui o violador, que foi detido e incorre numa pena de 15 anos de prisão".

Só tenho a dizer, que ao meu ver ser excomungado dessa instituição, fracassada, cruel, hipócrita e desumana significa para mim, uma HONRA.

Logo, honrados sejam, os humanitários que salvaram o que pode restar dessa menina.