A verdade é que acabei de ler no jornal uma notícia que me deixou devastada.
A mãe saiu de casa para dar um telefonema.
Quando voltou percebeu que a filha de 11 MESES chorava além no normal.
Perguntou o que aconteceu mas a menina não respondeu.
Quando foi trocar suas fraldas, porém, ela percebeu uma lesão no ânus da garota.
Ao levá-la para o hospital descobriu que a criança havia sido estuprada.
O pai confessou ser o autor do crime.
E ela o denunciou a polícia.
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A verdade é que nem tentando eu consigo sequer esboçar a dor dessa mãe, e menos ainda a da filha.
Se esivesse no lugar da mãe só consigo imaginar que me partiria em um milhão de pedacinhos.
E que nunca mais ia conseguir deixar a minha filha sozinha com ninguém, enquanto ela não crescesse e aprendesse no mínimo, a correr bem rápido, a bater bem forte e quem sabe manipular uma arma.
E que quando a fragilidade do momento passasse com certeza eu mataria o desgraçado.
Posso bater na mesma tecla. Dizer de quem eu acho que é a culpa N vezes. Não vai mudar a dor da mãe.
Não vai mudar o que a criança passou.
Mas talvez mude a mente de alguém que estiver lendo o meu texto e ainda não tenha esboçado, em qual artigo, em qual gênero e em qual pronome começam noventa por cento das manchetes de jornal que anunciam crimes hediondos.
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A verdade é que hoje eu lamento por cada garota que tem que passar por isso.
E por cada mãe que não sabe, ou não quer enxergar quem é o pai dos seus filhos.
O homem que divide o teto e a cama com elas.
E eu lamento saber que isso não vai para de acontecer.
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A verdade é que a tristeza é profunda.
E eu espero que essa garota, assim como tantas outras vítimas desse tipo, bastante frequente, de comportamento masculino, fique bem, do jeito que puder ficar.
E que ela , pela pouca idade, consiga bloquear da memória a extrema violência que sofreu antes mesmo de ter completado o primeiro ano nesse mundo, nessa sociedade, nesse planeta.
E eu lamento por saber, que a tristeza e o mal estar que eu estou sentindo agora, que parecem até mesmo maiores do que eu , não podem se comparar a dor dessa, e de tantas outras meninas.
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Em 2008 mais de 19.000 mulheres registraram ocorrência de estupro no Brasil.Contando com as que não registraram e com as filhas pequenas que as mães não descobriram ou não quiseram ver... Esse número tem propensão a triplicar.
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