terça-feira, 25 de março de 2008

Quando agente acreditava.

Tá certo, eu nunca gostei de blogs e, até hoje, não tenho paciencia para ler a maioria. Então porque estou fazendo um? Porque resolvi apostar em uma das coisas em que um dia eu acreditei plenamente. Escrever.

Escrevia a história de uma mulher. Ela sentimentos grandes demais para habitarem o próprio corpo. Suas correntezas internas se misturavam sobre a forma de redemoinhos e voltavam a verter águas calmas ao final de cada tempestade. E ela sabia, que não existe melhor exorcismo do que a escrita.
Ela chegou a testar novas técnicas de álivio. Mas elas foram falhando uma a uma. E depois de um tempo ela deixou de acreditar em quase tudo que um dia já a havia impressionado.
E onde está ela hoje? Eu não sei. Sua consiência se perdeu por algum dos tunéis escuros do tempo. Ela desapareceu.

O que eu tive em comum com ela, foi o amor pelas palavras. Esses códigos construídos para identificar absrações que são os únicos instrumentos que realmente podem levar qualquer pessoa onde ela quiser ir.
Para mim, escrever é instinto, espasmo involuntário é quase como sangrar.

Bem, voltando a falar daquela mulher, a que desapareceu, ela era uma radical, uma revolucionária, mesmo que dela mesma. Tinha grandes olhos cor de âmbar e vicios profundos e incuravéis.
Ela odiava a banalização e produção de receitas em massa para se produzir escrita. Ela dizia:
- Escrever é poder, é alma e deveria ser privilégio para poucos. Aqueles que não possuem nem ao menos uma centelha de paixão pelo milagre das frases, estes deveriam apenas ler.

Eu li. Li muito sobre diversas coisas.Mas não o sufuciente para escrever. Essa mulher me odiaria hoje, por estar construindo sentenças aleatórias aqui. Mas como minha indulgencia posso afirmar que não estou pronta para escrever de verdade, mas li o suficiente para praticar. E é o que eu pretendo fazer.

Antigamente eu achava que estava apta a viver o que me era negado através da atmosfera invisivél e semi-satisfatória que o mundo proporciona através das palavras.
Mas sei que viver assim é como pegar um trem para o destino com o qual vc mais sonha.
Imagine o melhor... o melhor lugar do mundo. Para chegar lá porém, você deve pegar o expresso, e enquanto você está dentro da cabine, confortavelmente sentado, você olha pela janela, você fantasia os acontecimentos que irão ocorrer quando você chegar ao seu destino.
Viver no mundo das palavras, deixar suas atitudes e sonhos apenas nele, é como viver nesse trem.
É manter o espírito cheio de expectativas, tanto boas quanto ruins. É mergulhar nelas, se emocionar com elas, chorar por elas, mas nunca vivê-las de fato.

Eu acreditava que esse modo de vida poderia ser satisfatório. Como se isso contituísse uma maneira de manter parte dos seus sonhos, que poderiam ser destruídos por completo lá fora, intáctos.
Eu havia assumido um compromisso com as palavras a tanto tempo que nem me lembro mais ao certo de quando foi.
Ultimamente não estou mais ligando muito para isso. Nem para quase nada.

Mas eu ainda tenho algo em comum com aquela mulher que existiu, e é o fato de não conseguir acreditar mais. E antes eu acreditava tanto, tanto.
Mas eu ainda não quero desaparecer. Por isso continuo. Mesmo sem acreditar. Sentindo saudades do tempo em que todo mundo ainda acreditava, e existia.

2 comentários:

Liv Marie disse...

Eu exesto, acredito e escrevo. Sou dessas. =)

Três disse...

eu sou das que lê. e adoro ler oq vc escreve pq sentimos igual,apesar de pensarmos diferentes.vc é tipo,máquina de totozera